Eu estava em Garuva, passando férias na casa de meus pais, quando o foguete Saturno foi lançado, projetando Armstrong, Collins e Aldrin no espaço rumo à Lua. Escrevi então:
Ontem, 16, foi lançada a Apolo 11. Aguardamos com tanto suspense o momento da partida... É, verdadeiramente, um grande passo da Ciência. Se os três astronautas conseguirem voltar, que avanço não será? Estou esperando que eles consigam alunissar e partir novamente para trazer-nos fotos e amostras da Lua. Que felicidade será!
Os antigos acreditam ser impossível a alunissagem. Eu, não. Dizem que se os astronautas alunissarem, ou o mundo se acabará ou eles não voltarão mais.
Mas, foi Deus mesmo que nos mandou fazer uso da inteligência. E acho que Deus seria muito carrasco se, depois de tanto sofrimento, fosse proibir esta felicidade aos homens.
Bem, se o texto nada acrescenta aos registros históricos da humanidade, para mim tem valor de documento: ali meus escritos de adolescente começavam a separar-se da crendice religiosa, voltando-se para a ciência. Ao longo dos meus diários, esta é a primeira manifestação de pensamento crítico. Tardia, é verdade, pois à época eu ainda era seminarista católico.