terça-feira, 23 de março de 2010

Zoom out


Alma penada
vagando na casa.


Abro as janelas.
Casa penada
vagando no mundo.


Miro pro céu
meu telescópio.
Terra penada
vagando no cosmo.


domingo, 14 de março de 2010

Brasília 5

Está terminando em Brasília a grande plenária da II Conferência Nacional de Cultura, cujo processo de preparação envolveu mais de 3.000 municípios brasileiros e cerca de 210.000 pessoas.

Momentos de emoção vão se costurando com a expectativa de vermos aprovadas pela plenária (em voto secreto) as propostas realmente prioritárias, voltadas para o estabelecimento de políticas públicas no âmbito da cultura, ultrapassando, portanto, o nível dos interesses umbigais.

Algumas delegações, tendo votado, começam a se retirar. Daqui a pouco desceremo em cortejo para o Espaço Funarte, onde acontecerá o congraçamento final, antes do jantar (show com Jorge Mautner, inclusive).

O Ministro Juca Ferreira acaba de chegar ao Brasil XXI para acompanhar os últimos momentos desta II CNC.

Começamos a sentir saudades...

sábado, 13 de março de 2010

Iara Rennó e o carimbó

Vivi ontem uma experiência memorável: depois dos trabalhos da II Conferência e de um bom banho no Plaza Bittar, onde me hospedo, fui ao Espaço Funarte prestigiar os shows da noite.

Além da rápida visita a alguns estandes dos estados (inclusive o da Bahia, onde vi uma das coreografia do Balé do Senegal transmitida pela TVE), assisti a dois espetáculos interessantíssimos.

Iara Rennó: Oriki

A performance da cantora, compositora, instrumentista, arranjadora e produtora paulistana Iara Spíndola Rennó no Palco Brasília do Espaço Funarte foi gostosíssima, suas canções, passeando entre a MPB, o blues, o rock e o jazz etc. Tive a impressão poderosa de estar ouvindo uma música nova, de inspiração contemporânea e de grande sensibilidade. Acabei com uma vontade bem grande de levá-la pra casa num CD ou de ouvi-la numa sala de melhor qualidade acústica.

Quando Iara deixou o palco, parecia que tudo ia se acabar na noite e pronto. De repente, porém, começou a agitar-se um povo na platéia, que logo subiu ao palco e foi anunciado como três grupos originários do Pará. Depois de três belas toadas de abertura, o grupo enveredou por uma série de peças frenéticas tão cheias de alegria, que acabei totalmente contagiado. E, enquanto ria e dançava, também chorava de prazer, por incrível que isto possa parecer. Fazia tempo que um evento artístico não me pegava tão de surpresa e fazia muito tempo que eu não dançava com tão profundo prazer. Obrigado, gente linda do Pará!

Brasília 4

Miniplenária da II Conferência Municipal de Cultura

Estamos desde o início da manhã discutindo, burilando e votando as propostas do Eixo 4 (Cultura e economia criativa). Trabalhamos agora no sub-eixo Sustentabilidade das Cadeias Produtivas e as vozes discordantes são muitas, principalmente da parte de pessoas que não pensam no que dizem, não examinam o contexto da proposta etc. Muitos querem exibir-se num volátil momento de fama perante as quase 200 pessoas que estão aqui (no meio da manhã eram muitas mais).

Dito deste modo, parece que estou menosprezando este momento da Conferência e da história da gestão cultural no Brasil. Mas, não é assim. O que acontece é precisamente a expressão de um momento - um ponto de passagem - em que estamos todos aprendendo a ampliar e usar o espaço democrático da construção coletiva do futuro. Embora o que aqui está em jogo não seja, ainda, a realidade, tratamos da potencialidade da vida cultural brasileira e, portanto, de uma trama gigantesca de interesses mais ou menos democráticos, mais ou menos coletivistas, mais ou menos solidários etc.

Estamos aprendendo a desenvolver a paciência histórica e, simultaneamente, o traquejo político necessário para atuar democraticamente dentro do jogo de interesses de uma plenária que está tomando decisões que vão interferir na vida artística e cultural do País.

De minha parte, sinto-me hoje um aprendiz bem iniciante.

Brasília 3

Os debates que venho presenciando nas conferências de cultura de Brasília (Pré-conferência setorial de teatro e II Conferência Nacional de Cultura) mostram como são difíceis os processos democráticos, mas também como é importante desenvolvermos a paciência histórica necessária para o domínio de suas metodologias - não apenas por nós mesmos, mas também pelas coletividades. A respeito das conferências compartilhei com os colegas delegados da setorial nacional de teatro algumas observações que compartilho aqui.

1. A Conferência Nacional de Cultura compreende uma série de articulações e mobilizações que começaram - pelo menos em Joinville, assim como em muitos outros lugares - nas pré-conferências municipais, preparadas com todo o carinho (como foi o caso de Joinville, apesar da gripe A no segundo semestre de 2009) e que mobilizaram 11 setores (foram perto de 500 participantes nessas pré-conferências setoriais municipais), qualificando os debates na nossa II Conferência Municipal.

2. As propostas tiradas nas pré-conferências municipais (essencialmente setoriais, lembro) foram examinadas, sistematizadas e aperfeiçoadas na II Conferência Municipal de Cultura de Joinville, que selecionou aquelas consideradas estratégicas num âmbito mais amplo para serem enviadas às conferências estadual e nacional.

3. Também foram realizadas no país as assembléias setoriais, nas quais as principais propostas do município voltadas para cada setor puderam ser examinadas, aprofundadas e ampliadas. Em Santa Catarina, a maior parte das pessoas que participaram da Assembléia Setorial de Teatro tinham participado também das conferências municipais e da estadual.

4. O trabalho que a equipe de sistematização realizou apresenta grande qualidade: sinto que ali estão contempladas preocupações das conferências de Joinville e de Santa Catarina. (Deve ter sido um grande desafio, pois eu próprio passei por experiência semelhante na sistematização de centenas de propostas da II CMC de Joinville).

5. O que precisamos agora é avançar um pouquinho mais, arredondando as propostas, fundindo-as, ampliando sua abrangência etc. etc., para chegarmos a um documento a ser sistematizado ainda, que sirva para nortear, sulear, nordestar, centroestar, sudestar etc. as ações do Ministério da Cultura em toda a sua extensão e para oferecermos ao Conselho Nacional de Políticas Culturais com seus Colegiados Setoriais, me parece, subsídios consistentes para a formulação de uma política cultural para o país, além, é claro, de políticas/planos setoriais consistentes para todos os setores, que contemplem as reivindicações lá das bases, que são os munícipes, isto é, os brasileiros em geral, e que em aproximadamente 3.000 municípios (é isto?) apresentaram suas propostas nas diversas instâncias da Conferência.

Enfim, o que quero é reforçar o que tenho ouvido de vozes bem sensatas, do próprio ministério e de delegados aqui presentes: a base de toda a CNC deve permanecer a conferência municipal, a cujas reivindicações e decisões devem ACRESCENTAR-SE, APERFEIÇOANDO-AS, as propostas avançadas e estratégicas geradas nos debates das outras conferências, inclusive nas setoriais. Não podemos perder a riqueza que foi gerada nas conferências municipais e estaduais, das quais todos nós fomos convidados a participar e não podemos perder de vista que as proposições que fazemos devem ter CARÁTER NACIONAL, ainda que contemplando aspectos regionais e setoriais.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Janela cósmica

Tu
e teus pares.

Eu
e meus pares.

Juntos,
somos interface
entre dois mundos.

Propostas do Teatro

Pré-conferência Setorial de Teatro

EIXOS TEMÁTICOS

Eixo I - Produção Simbólica e Diversidade Cultural

PROPOSTA

Garantir junto ao Ministério da Educação a criação,

a implementação, a ampliação e o fortalecimento de cursos de formação na área das Artes Cênicas, obedecendo-se às seguintes diretrizes:

  1. Acesso à formação em seus diferentes níveis, como educação básica, profissionalizante e continuada;

  2. Abrangência das várias instâncias de educação e cultura: educação fundamental, superior, à distância, nos pontos de cultura, entre outros equipamentos que possam ser criados para este fim;

  3. Reconhecimento e qualificação dos profissionais de notório saber;

  4. Reconhecimento das tecnologias da arte em toda sua abrangência, através de apoio à inovação e à pesquisa científica no campo artístico cultural;

  5. Utilização das técnicas e ações já realizadas pelo Ministério da Cultura;

  6. Observância das especificidades de cada região e seus contextos.

Eixo II – Cultura, Cidade e Cidadania

PROPOSTA

Criação de Programas federais, estaduais e municipais de transformação e utilização de espaços públicos em Equipamentos Culturais, requalificando, inclusive, áreas urbanas, através de ferramentas que garantam a permanência e continuidade destes Equipamentos.

Quanto aos espaços públicos

abertos, debater e criar, conjuntamente em comissões paritárias com a sociedade civil, marcos legais nacionais para plena utilização destes espaços, como equipamentos culturais, levando em conta as especificidades dos diversos segmentos das artes cênicas, adequando-os para apresentações artísticas.

Quanto aos prédios passíveis de serem considerados de utilidade pública que estejam ociosos, construir, adequar, equipar para atividades teatrais como: espaço para ensaios, atividades formativas, para sede de grupos que desenvolvam ações continuadas, para apresentações e atividades afins.

Eixo III – Cultura e Desenvolvimento Sustentável

PROPOSTA

Garantir a criação de programas e políticas públicas permanentes de intercâmbio, fomento e circulação da produção teatral através de mecanismos de incentivo, como:

  1. Realização de Editais de Teatro para as macro-regiões do país, com critérios que valorizem aspectos identitários e territoriais de cada localidade, respeitando também a fase de experimentação de cada artista ou núcleo artístico;

  2. Criação e implementação do Programa Teatro Mais Cultura para a disponibilização de kit básico de equipamentos (iluminação, som, vestimentas cênicas, dentre outros) a ser utilizado em apresentações teatrais, priorizando grupos inseridos em pequenas comunidades e pequenas cidades.

Eixo IV – Cultura e Economia Criativa

PROPOSTA:

Apresentar

as seguintes emendas ao projeto de lei nº 6722/2010 PROCULTURA:

A)

Inclusão de item que acrescente aos mecanismos de implementação do Procultura, os PROGRAMAS SETORIAIS DE ARTES, CRIADOS POR LEIS ESPECÍFICAS, COM ORÇAMENTOS E REGRAS PRÓPRIAS (Artigo 2º - ACRESCENTAR Item V);

B)

Inclusão de parágrafo que garanta a não aplicação dos critérios relativos à dimensão econômica na avaliação dos projetos culturais cujas atividades ou formas de produção não podem ser auto-sustentáveis devido à sua própria natureza ou objetivos (Artigo 8º);

C)

Inclusão de parágrafo único que exclua a necessidade de prestação de contas nos moldes da Lei de ConTRATOS e Licitações para a categoria de prêmios concedidos através das seleções públicas (Artigo 36);

D)

Garantia de montante de recursos destinados ao Fundo Nacional de Cultura NUNCA INFERIOR ao montante disponibilizado para a renúncia fiscal QUE TRATA O CAPITULO IV DESTA LEI (Artigo 60).

E)

Retificação do artigo que institui o Prêmio de Teatro Brasileiro, no sentido de garanti-lo como programa setorial para o teatro, regulamentado por lei específica e dotação orçamentária própria (Artigo 66), para fomentar: I – Núcleos artísticos teatrais com trabalho

continuado;

II – Produção de espetáculos teatrais; e

III – Circulação de espetáculos ou atividades teatrais.

Eixo V – Gestão e Institucionalidade da Cultura

PROPOSTA

Que o SNIIC – Sistema Nacional de Informação e Indicadores Culturais faça, em caráter de urgência, o mapeamento do teatro brasileiro, em toda a sua diversidade cultural e em todos os elos da sua cadeia produtiva, criando uma plataforma virtual para registro e divulgação da história da produção teatral nacional.

Este mapeamento deve contar com apoio do IBGE, SEBRAE, e de entidades estaduais e municipais de economia e estatística, devendo subsidiar as ações do Minc – preferencialmente através do pacto federativo – na aplicação dos recursos de financiamento ao teatro, considerando as realidades identitárias regionais.

terça-feira, 9 de março de 2010

Brasília 2

O segundo dia das pré-conferências setorias de cultura foi uma verdadeira maratona. Além das articulações para a escolha dos delegados para a II Conferência Nacional e da recomposição do Colegiado de Teatro do Conselho Nacional de Políticas Culturais, foram realizados os debates das propostas dos eixos (que o pessoal da organização soube articular com grande qualidade a partir das conferências municipais e estaduais), no meu grupo (Eixo 4, Cultura e Sustentabilidade) discutimos também o Procultura e levantamos algumas idéias para a regulamentação do Fundo Setorial de Teatro.

Escolhido como um dos dois delegados do Sul do Brasil para a II CNC, devo permanecer em Brasília até domingo.

Teremos agora a plenária final.

domingo, 7 de março de 2010

Brasília 1

Pré-conferência nacional setorial de teatro

Começou hoje, em Brasília, a Pré-conferência nacional setorial de teatro, preparatória para a II Conferência Nacional de Cultura, que inicia na próxima quarta-feira.

A abertura aconteceu no auditório do Museu Nacional, com a presença de uns 1.000 delegados de todos os estados brasileiros.

Na oportunidade, uma fala didaticamente indignada e corajosa do Ministro Juca Ferreira acabou mostrando por que o processo da II CNC tem dado certo, despertando o interesse e a participação de cerca de 206.000 brasileiros - entre artistas, agentes, empresários, militantes, estudiosos e funcionários da cultura e das artes em todo o Brasil.

A principal razão da irritação do Ministro, expressa também na fala do Secretário Executivo do MinC, Alfredo Manevy, é a acusação de autoritarismo que uma parte da imprensa irresponsável e de certo empresariado neoliberal vêm fazendo ao Ministério. Os calorosos aplausos que Juca Ferreira recebeu durante toda a sua fala mostram a concordância da grande maioria dos delegados de todo o País presentes no evento.

Amanhã tem mais.

sábado, 6 de março de 2010


Enfim,

esfumam-se os ciúmes e as saudades

nos longínquos horizontes da memória,

apagados pelos luares

dos novos encantamentos...


quinta-feira, 4 de março de 2010

Da perda

Certo como um tiro no olho:
há razão para sofrer,
não para sucumbir.

04/03/2010

Não sei o que pensar
diante de mim


Ao espelho,
às vezes me gosto,
às vezes me detesto.
Outras, não me encontro.


Cara a cara comigo,
não sei o que sentir.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Amor de mula,

o teu:

cravas-me teus punhais

e ficas dando soprinhos

nos lanhos que me abres

no peito.