domingo, 27 de janeiro de 2008

Coisas que vão desaparecer... (I)

Enxaimel na estrada Dona Francisca
Alambique no Cubatão

Casa de madeira remanescente na esquina da
Rua Tuiuti com a Santos Dumont
Aventureiro - Joinville, SC

Coisas que vão desaparecer
(proposta para um ensaio fotográfico)

Almocei, li, descansei. O sol voltou. Está quente.

Vou sair rumo aos rios ao pé da Serra do Mar. Aproveitarei para pôr em prática a idéia que me ocorreu na última sexta-feira – fotografar coisas que vão desaparecer: uma casa de madeira na esquina da Tuiuti com a Santos Dumont; um velho paiol que há muitos anos abriga um alambique; o verde já quase dourado das arrozeiras etc.

À noite, compartilho as fotos aqui.

sábado, 26 de janeiro de 2008

Ando às voltas com a leitura de duas obras – Carta a uma nação cristã, de Sam Harris, e Deus, um delírio, de Richard Dawkins –, ambas voltadas para o problema das religiões como terrenos propícios aos fundamentalismos que nos afastam cada vez mais vertiginosamente da possibilidade de um mundo mais pacífico e menos propício ao sofrimento. Quero aqui pontuar apenas uma das numerosas preocupações que movem Sam Harris em sua Carta a uma nação cristã (que é uma resposta aos leitores de seu livro anterior, O fim da fé):

"(...) apenas 12% dos americanos (*) acreditam que a vida na Terra evoluiu atravéSam Harriss de um processo natural, sem a interferência de uma divindade. Para 31%, a evolução foi ´guiada por Deus´. (...) 53% dos americanos são, na verdade, criacionistas. Isto significa que, apesar de um século inteiro de descobertas científicas que atestam como é antiga a vida na Terra, e mais antigo ainda o nosso planeta, mais da metade da população americana acredita que o cosmos inteiro foi criado há 6 mil anos. Diga-se de passagem que mil anos antes disso os sumérios já tinham inventado a cola. Os que têm o poder de eleger presidentes, deputados e senadores – e muitos dos que são eleitos – acreditam que os dinossauros sobreviveram aos pares na arca de Noé, que a luz das galáxias distantes foi criada da mesma forma como a Terra e que os primeiros membmros da nossa espécie foram modelados a partir do barro e do hálito divino, em um jardim com uma cobra falante, pela mão de um Deus invisível.

Entre os países desenvolvidos, os Estados Unidos estão sozinhos ao adotar estas convicções. De fato, tenho a dolorosa consciência de que meu país hoje parece, como em nenhum outro momento da sua história, um gigante belicoso, desengonçado e mentalmente obtuso. Qualquer pessoa que se preocupe com o destino da civilização faria bem em reconhecer que a combinação de um grande poder com uma grande estupidez é simplesmente aterrorizante, até para os amigos. (**)

Embora – pelas limitações próprias de todos os humanos no sentido de nossa incapacidade de abarcarmos toda a vastidão da realidade com um conhecimento preciso e final - possam Harris e Dawkins nem sempre referir-se a tudo com o mesmo grau de lucidez, o objetivo principal com que se colocaram em público com obras tão polêmicas é irretocável: embora não definitivas, são contribuições respeitáveis para que um pensamento mais livre encontre espaço junto aos leitores em geral.
_______________
(*) Harris está falando dos habitantes dos EUA e não de nós, que também somos americanos, mas aqui do Sul.
(**) HARRIS, Sam. Carta a uma nação cristã. São Paulo : Companhia das Letras, 2007. p. 15-16).

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Se é que alguém já passou por aqui, deve ter-se admirado do silêncio que reina no meu blog há 20 dias! Digamos que estou de férias: as postagens são rabiscadas ao longo dos meus passeios por bares e rios. Depois, a preguiça impede-me de digititá-las, de modo que vão ficando por lá, no meu caderno, mudas. Quem sabe, um dia, elas venham como memória aqui pra meu cantinho digital. E, por hoje, é só.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Cada vez que vou ao Piraí, a serra me aparece de um jeito diferente. Aqui está uma prova da magia que vivi ontem ao anoitecer.

Que venha o inverno.

O Liverpool vai ser com certeza um dos bons cenários para nossos encontros ao longo de 2008 em Joinville. O ambiente é aconchegante, com seu bar e suas mesas de snooker; o atendimento, bom; a luz, perfeita. Dá gosto.

Combato o bom combate.

Sempre que estou de férias tendo a ser dominado por uma espécie de sensação de inutilidade. Por mais que invente modas (horta, boas conversas com amigos, banhos de rio e mar - e até escritos e leituras), parece que estou deixando de fazer algo importante. É o trabalho,com certeza, que me falta.

Pois bem, vou bater-me durante todos estes dias com este meu vício de trabalhar sem parar. Como não sou de ferro, terei de substituí-lo por outras atividades que, no fundo, também são trabalho. Mas, vou fazê-lo com aquela displicência gostosa com que somente nas férias posso encarar as minhas coisas.

Um das atividades saborosas destas minhas férias será o levantamento fotográfico que pretendo fazer dos recantos de lazer acessíveis nas redondezas. De muitos deles, já tenho imagens anteriores, que resgatarei; de outros, preciso colher fotos e infos.

Então, tá.


Amanhecer em Figueira do Pontal (dezembro de 2006). Este trapiche feioso continua lá. Serve a uma marina local. Antes, víamos, para além dele, o Morro do Forte, em São Francisco do Sul. De qualquer modo, este recanto da baía Babitonga contiinua a ser bonito. Mais à direita desta imagem, na continuação da praia rumo à Figueira e à foz dos rios Barbosa e Jaguaruna, está sendo implantado o cais do terminal portuário de Itapoá. Claro que o cais vai ser um caos na paisagem. A longo prazo, porém, integrar-se-á a ela e as gerações futuras somente saberão de como era o mundo por aqui através das minhas fotos e das de outros apaixonados pelo lugar.

Itapoá e seus balneários (Figueira, Pontal, Bamerindus, Itapoá, Itapema do Norte e Barra do Saí) passaram por mudanças significativas nos últimos anos, mas continuam atrativas como praias. Se a municipalidade não dá conta de expandir adequadamente a infra-estrutura (no verão, falta água; a luz é precária; trafegar pelas vias públicas torna-se quase insuportável) e uma parte significativa dos visitantes não colabora (gente burra joga muito lixo por toda parte; os babacões vomitam a barulheira dos seus carros entupidos de música brega por toda parte etc.), os 38km de praia continuam ali. Em muitos pontos, mesmo no verão há grande tranqüilidade.

Abaixo, a praia de Itapoá em maio de 2007, num foto tomada a partir da pista de skate.

Ao lado, a região do Iperoba, além do canal, em fotografia tomada de uma das mesas da Lanchonete e Restaurante do Francês (o Jean), em Pontal do Norte.