Não do fundo do abismo,
mas do direito de todos
clamo a vós.
Ouvi a voz de quem se sente parte
não de um gueto, nem do cristianismo, apenas,
mas da grande humanidade,
da comunidade geral da vida no Planeta.
Por que vos sentis no direito de olhar
com vosso ódio cristão
uma tão grande parte de homens e mulheres,
se vosso Deus manda amar os vossos semelhantes?
Que crença é a vossa, meu Senhor, minha Senhora,
que antepõe o ódio à caridade?
Passou o tempo da velha lei,
passou o tempo
da espada,
das fogueiras,
das cruzadas,
da guilhotina,
dos triângulos no peito,
dos campos de concentração,
dos fornos...
Pode ser que outrora houvesse dúvidas,
hoje não há mais:
cada qual é senhor do seu destino
e há leis cristalinas sobre os direitos seus,
sobre os direitos meus,
sobre os direitos de todos.
Passou o tempo em que senhores mal-amados,
toscos e obtusos,
manipulando astutamente os livros sagrados,
podiam impunentemente conduzir
multidões ao suicídio ou à guerra.
Somos um povo de paz,
vivemos um tempo de certa lucidez,
de sensatez maior.
Não somos mais ovelhinhas
sob os bordões dos pastores.
Não somos mais loucos alucinados
atirando pedra nos pecadores
e queimando os próprios filhos
por acreditarem noutros deuses.
Com base em que,
minha Senhora, meu Senhor,
com base em que você,
cristã, cristão,
se acha no dever ou no direito
de condenar seu irmão?
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