Os debates que venho presenciando nas conferências de cultura de Brasília (Pré-conferência setorial de teatro e II Conferência Nacional de Cultura) mostram como são difíceis os processos democráticos, mas também como é importante desenvolvermos a paciência histórica necessária para o domínio de suas metodologias - não apenas por nós mesmos, mas também pelas coletividades. A respeito das conferências compartilhei com os colegas delegados da setorial nacional de teatro algumas observações que compartilho aqui.
1. A Conferência Nacional de Cultura compreende uma série de articulações e mobilizações que começaram - pelo menos em Joinville, assim como em muitos outros lugares - nas pré-conferências municipais, preparadas com todo o carinho (como foi o caso de Joinville, apesar da gripe A no segundo semestre de 2009) e que mobilizaram 11 setores (foram perto de 500 participantes nessas pré-conferências setoriais municipais), qualificando os debates na nossa II Conferência Municipal.
2. As propostas tiradas nas pré-conferências municipais (essencialmente setoriais, lembro) foram examinadas, sistematizadas e aperfeiçoadas na II Conferência Municipal de Cultura de Joinville, que selecionou aquelas consideradas estratégicas num âmbito mais amplo para serem enviadas às conferências estadual e nacional.
3. Também foram realizadas no país as assembléias setoriais, nas quais as principais propostas do município voltadas para cada setor puderam ser examinadas, aprofundadas e ampliadas. Em Santa Catarina, a maior parte das pessoas que participaram da Assembléia Setorial de Teatro tinham participado também das conferências municipais e da estadual.
4. O trabalho que a equipe de sistematização realizou apresenta grande qualidade: sinto que ali estão contempladas preocupações das conferências de Joinville e de Santa Catarina. (Deve ter sido um grande desafio, pois eu próprio passei por experiência semelhante na sistematização de centenas de propostas da II CMC de Joinville).
5. O que precisamos agora é avançar um pouquinho mais, arredondando as propostas, fundindo-as, ampliando sua abrangência etc. etc., para chegarmos a um documento a ser sistematizado ainda, que sirva para nortear, sulear, nordestar, centroestar, sudestar etc. as ações do Ministério da Cultura em toda a sua extensão e para oferecermos ao Conselho Nacional de Políticas Culturais com seus Colegiados Setoriais, me parece, subsídios consistentes para a formulação de uma política cultural para o país, além, é claro, de políticas/planos setoriais consistentes para todos os setores, que contemplem as reivindicações lá das bases, que são os munícipes, isto é, os brasileiros em geral, e que em aproximadamente 3.000 municípios (é isto?) apresentaram suas propostas nas diversas instâncias da Conferência.
Enfim, o que quero é reforçar o que tenho ouvido de vozes bem sensatas, do próprio ministério e de delegados aqui presentes: a base de toda a CNC deve permanecer a conferência municipal, a cujas reivindicações e decisões devem ACRESCENTAR-SE, APERFEIÇOANDO-AS, as propostas avançadas e estratégicas geradas nos debates das outras conferências, inclusive nas setoriais. Não podemos perder a riqueza que foi gerada nas conferências municipais e estaduais, das quais todos nós fomos convidados a participar e não podemos perder de vista que as proposições que fazemos devem ter CARÁTER NACIONAL, ainda que contemplando aspectos regionais e setoriais.
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