sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Simdec: a carta que mandei para A Notícia.

A escandalosa carta de Laura Gelly (publicada provavelmente na íntegra na edição desta quinta-feira) é um atentado à honra dos artistas e agentes culturais de Joinville (cidadãos e instituições), além de ser, obviamente, um atentado contra a coisa pública: o Simdec é uma conquista desta cidade, um dispositivo de política pública voltada para a promoção da arte e da cultura, equivalente aos que existem em outras áreas do governo (habitação, agricultura, indústria, comércio, turismo) nas quais políticas públicas como o Simdec permitem o fomento à produção e à geração de emprego e renda.

Outros farão do Simdec melhor defesa do que eu. Mas, como cidadão e como agente cultural desde os ans 70, devo esperar que os fruidores de arte e cultura, os artistas e as instituições até hoje apoiadas pelo Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura se levantem para a defesa da coisa pública, contra os desaforos irresponsáveis de Laura Gelly, marcadas por um irracionalismo, que, sabemos, não é só dela. Sua incompetência como cidadã é apenas uma pontinha daquele parcel que manteve a cultura joinvilense por tantos anos à mercê de meceninhas e cabos-eleitorais aboletados nos seus balcões de negócio.

Quem desejar conhecer melhor o Simdec de Joinville (respeitadíssimo e exemplo para os sistemas de apoio à cultura em várias outras cidades), visite seu portal, em http://www.simdec.com.br/.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Teatro Invade.

Momento importante para o teatro joinvilense foi o lançamento, esta noite, no Museu de Arte, do documentário de Fábio Porto sobre o projeto Teatro Invade, realizado em 2010 com recursos do edital Elisabete Anderle.

Espero poder escrever com mais detalhe sobre o acontecimento.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O poder da imprensa (minirreflexão).

À página 14 (An.Mundo) da sua última edição dominical, A Notícia publicou uma matéria evidentemente irresponsável, assinada pela jornalista Laura Schenkel, do Zero Hora: As mulheres de Berlusconi. Esta chamada sintetiza os equívocos do texto: "Poderoso. Dono de um time de futebol. Mulheres. Muitas. São tantas que poderiam formar um calendário".

Dois problemas: (1) a matéria parece tratar de um grande ator cinematográfico – um personagem glamuroso de Hollywood – e não de um réu que responde a processo na corte italiana, e (2) a chamada "esquece" precisamente o que é mais importante: Berlusconi não é apenas dono de um time de futebol, mas também DE UMA ENORME REDE DE TELEVISÃO, com tentáculos plantados em diversos campos da comunicação.

Como leitor de A Notícia, senti-me no direito de expressar a minha irritação com essa matéria ao que tudo indica comprada pela máfia berluscosa, e escrevi para o jornal a seguinte mensagem:

Assumo aqui, voluntariamente, o papel de ombudsman.


Fiquei bastante preocupado com a matéria (quase escandalosa, eu diria) sobre esse inescrupuloso usurpador que, valendo-se do seu poderio de comunicação, assenhoreou-se do governo da Itália e está fazendo gato-e-sapato desse país.


Parece-me que a matéria - quase um anúncio comercial de cinema promovendo o crápula a saudável herói - foi plantada pela rede do próprio Berlusconi na RBS e, pelas mãos de Laura Schenkel (Zero Hora), está se distribuindo por suas outras unidades, entre elas, A Notícia.


Creio que o jornalismo precisa ser mais responsável para poder ser respeitado.


Pois bem, a mensagem foi publicada hoje, assim editada:

Fiquei bastante preocupado com a reportagem sobre esse inescrupuloso usurpador que, valendo-se do seu poderio de comunicação, assenhorou-se do governo da Itália e está fazendo gato e sapato daquele país. Creio que o jornalismo precisa ser mais responsável para poder ser respeitado.

Perfeita a edição, não? Por essas e outras é que bandidos como Berlusconi acabam se perpetuando no poder.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Sobre o novo curta de Fábio Porto.

Gostei. Bem-humorado. Parece que o roteiro e a direção vão caminhando numa corda bamba do início ao fim do curta - sem afundar em exageros nem se perder nas superfícies. O que era para ser brincadeira provocante, virou um recurso capaz de puxar vários fios para boas conversas a respeito da produção artística em Joinville e do Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura, o Simdec.

Nos papos após a première quatro temas foram recorrentes: (1) o imperativo da defesa do Simdec (Joinvile é um dos raros municípios que adotam esta forma democrática de distribuição de recursos para a área artístico-cultural); (2) a complexidade do trabalho da CAP e das bancas de seleção (que têm de escolher entre numerosos projetos, a partir de diversos critérios, os que deverão merecer os recursos do mecenato e do edital; (3) o reconhecimento da evolução das propostas a cada ano que passa, somado à percepção de que o Simdec não deve ser considerado a única fonte de recursos para a criação artística; e (4) a importância da apresentação de bons projetos, completos e corretos (com toda a documentação solicitada, redigidos em termos claros na descrição do seu objeto, na justificativa da proposta, nos seus orçamentos e nas suas contrapartidas).

Por falar nisto, a boa combinação entre imaginação e objetividade em geral resulta em bons projetos. Também é preciso dar tempo para que o projeto amadureça, tratando dele com boa antecipação - é visível, na CAP, quando o projeto foi elaborado no apagar das luzes do prazo de inscrição. E, sobretudo, é preciso considerar a realização do projeto dentro da realidade: a coerência entre a descrição das ações e o orçamento é absolutamente necessária. (O próprio Simdec oferece uma bateria de oficinas preparatórias para elaboração de projetos nas primeiras semanas depois do lançamento dos editais. Informação na página do sistema: http://www.simdec.com.br.)

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Temos de descansar temporariamente de nós, olhando-nos de longe e de cima e, de uma distância artística, rindo sobre nós ou chorando sobre nós, temos de descobrir o herói assim como o parvo que residem em nossa paixão pelo conhecimento.

Temos de de alegrar-nos vez por outra com nossa tolice, para podermos continuar alegres com nossa sabedoria.

(Nietzsche)

Meus textos em A Notícia

Convidado a voltar a colaborar para A Notícia, eis aqui os primeiros três textos que produzi:


  • 24/12/2010: A flauta de Neandertal
  • 14/01/2011: Anarcodeselegância
  • 11/02/2011: Da generosidade
  • sábado, 12 de fevereiro de 2011

    Meus cadernos de apontamentos.

    Não tenho a menor ideia da serventia deste registro, mas parece que esta é a finalidade dos blogs: partilhar registros pessoais, coisas da gente, sem o compromisso com o leitor nem com a objetividade, que um jornal ou uma revista impõem.

    Desde os 15 anos cultivo o hábito de blogar-me no papel.

    No início, acostumei-me a registrar no fim do dia ou durante os momentos livres, algumas ideias e acontecimentos que iam marcando a minha vida.

    A partir dos tempos de faculdade, meus cadernos tornaram-se também o repositório dos registros feitos em aula. Chamei-os de Apontatudos e numerei-os. Entre 1980 e 1996 e depois, em 2000, foram 31 cadernos de 150 folhas em média.

    Em 1997, adotei o título Notas de Laboratório, que resultou numa série de 7 cadernos, agora com páginas não pautadas e capas personalizadas, que procuravam ligar-se ao que estava rolando na minha vida.

    A partir de 2002, dei aos meus blogs de papel o título de Vestígios, passando a encaderná-los em capas duras, com imagens produzidas por mim. Adotei também a prática de criar um caderno de abertura, que contém minha agenda de endereços, os projetos com que venho trabalhado e textos com ideias com que ando às voltas no presente, bem como subsídios (alfabetos, tábuas de verbos, conjunções, preposições etc.) ligados à língua que estou estudando no momento.

    Talvez seja por causa destes cadernos que meu BGlog aqui no Blogspot quase não sai do lugar. ;)

    A seguir, a série de capas que produzi para meus registros desde 1997, inaugurada sob o luto da morte de Renato Russo.

    domingo, 6 de fevereiro de 2011

    O sagrado só me interessa enquanto celebração da vida. Recorrer ao sagrado para buscar alívio ou proteção dos males que nos afligem, ou vingança divina contra aqueles que nos prejudicam, ou mesmo a salvação eterna, não é em nada diferente de recorrer às drogas: ambas as atitudes viciam. Com a diferença de que as drogas - com algumas exceções - acabam matando apenas o próprio consumidor, enquanto o fanatismo religioso aliena o viciado (o que é apenas outra forma de morte) e mais facilmente se transforma num inferno e numa ameaça também para a sociedade.