À página 14 (An.Mundo) da sua última edição dominical, A Notícia publicou uma matéria evidentemente irresponsável, assinada pela jornalista Laura Schenkel, do Zero Hora: As mulheres de Berlusconi. Esta chamada sintetiza os equívocos do texto: "Poderoso. Dono de um time de futebol. Mulheres. Muitas. São tantas que poderiam formar um calendário".
Dois problemas: (1) a matéria parece tratar de um grande ator cinematográfico – um personagem glamuroso de Hollywood – e não de um réu que responde a processo na corte italiana, e (2) a chamada "esquece" precisamente o que é mais importante: Berlusconi não é apenas dono de um time de futebol, mas também DE UMA ENORME REDE DE TELEVISÃO, com tentáculos plantados em diversos campos da comunicação.
Como leitor de A Notícia, senti-me no direito de expressar a minha irritação com essa matéria ao que tudo indica comprada pela máfia berluscosa, e escrevi para o jornal a seguinte mensagem:
Assumo aqui, voluntariamente, o papel de ombudsman.
Fiquei bastante preocupado com a matéria (quase escandalosa, eu diria) sobre esse inescrupuloso usurpador que, valendo-se do seu poderio de comunicação, assenhoreou-se do governo da Itália e está fazendo gato-e-sapato desse país.
Parece-me que a matéria - quase um anúncio comercial de cinema promovendo o crápula a saudável herói - foi plantada pela rede do próprio Berlusconi na RBS e, pelas mãos de Laura Schenkel (Zero Hora), está se distribuindo por suas outras unidades, entre elas, A Notícia.
Creio que o jornalismo precisa ser mais responsável para poder ser respeitado.
Pois bem, a mensagem foi publicada hoje, assim editada:
Fiquei bastante preocupado com a reportagem sobre esse inescrupuloso usurpador que, valendo-se do seu poderio de comunicação, assenhorou-se do governo da Itália e está fazendo gato e sapato daquele país. Creio que o jornalismo precisa ser mais responsável para poder ser respeitado.
Perfeita a edição, não? Por essas e outras é que bandidos como Berlusconi acabam se perpetuando no poder.
Um comentário:
Uns dois anos atrás, talvez mais, durante as discussões para o aumento das tarifas dos ônibus também tive uma carta 'editada' dessa maneira.
É triste e, principalmente, irritante.
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