sábado, 16 de agosto de 2008

Minhas primeiras performances no teatro

 

Legenda das fotos (na ordem em que aparecem no texto).

(1) Borges, como Haroldo, em O falsário (1967).


(2) Jaime Andrade, um dos atores de O falsário (1967).


(3) Belmiro Dalpiaz (O Carcereiro) e Borges (Haroldo), em O falsário (1967).


(4) +Darcy Depiné, a Mamãe Fantasma de Pluft, o fantasminha (1968).


(5) Borges, Hermógenes Fernandes e Francisco Fronza, em Lucíolo (1968).


(6) Borges, em Lucíolo (1968).


Daí que me deu, de repente, uma vontadezinha de resgatar a memória dos primeiros momentos em que pisei o palco na qualidade de ator.

Para que o resgate fosse mais fiel, eu teria de fazer uma sessão de regressão conduzida por algum especialista, mas, como isso não dá, ficam aqui estes rabiscos dos meus contatos com o teatro em Rio do Oeste, onde estudava como interno no Seminário São Francisco Xavier.

O falsário.

Primeira vez que pisei no palco como ator foi nesse espetáculo, que estava sendo montado pela turma dos maiores. Faltou um ator e fui convidado para fazer Haroldo, a vítima inocente sobre a qual o irmão mais velho faz cair o peso da acusação de falsário e que acaba na cadeia, vindo, ao final, a verdade a ser descoberta e tudo acabando muito bem. Compunham o elenco também: Francisco Fronza (Martinho), Celso Feltrin (Felinto), Plácido Mazzi (Jacinto), Hermógenes Fernandes (Tenente Franklin), Édis Lenzi (Dr. Amândio), Jaime Andrade (Sérgio, um presidiário) e Belmiro Dalpiaz (o carcereiro).

A direção de som era uma parceria minha com Dálcio Dolzan. A direção era de Salomão Oliveira Serafim. Estreamos em abril de 1967, embora eu tenha umas velhas fotografias em que está registrado "4-68".

Em criança, quando fiz o álbum, a noção do tempo era diferente ;)

Uma comédia que foi um drama!

Ainda em 1967, tomei a iniciativa de dirigir a montagem de uma comédia de assunto romano, cujo título já me esqueci. Eu era um proprietário romano que tinha a casa invadida por um general trapalhão - o cômico da peça. Como o ator (Evaldo, se não me engano) esquecesse o texto o tempo todo por causa do nervosismo, acabei fazendo o meu papel e o dele - e a peça, por isso, talvez tenha ficado realmente engraçada.

Pluft, o fantasminha (Maria Clara Machado).

Por causa de minha atuação nas duas primeiras peças (e, de certo, também por falta de outro ator melhor), fui convidado a interpretar o Pluft na montagem que um grupo da cidade estava fazendo então. Lembro-me que fizemos algumas apresentações também fora da cidade, em Rio do Sul e/ou Ibirama, algo assim. Do elenco, fazia parte uma das primeiras mulheres por quem me apaixonei (mas, ela era bem mais adulta do que eu), Darcy Depiné, que tinha sido secretária do Ginásio Allamano, onde eu estudava. Era meados de 1968 e nós provavelmente recuperamos a peça uns meses depois.

Nossas montagens, à exceção de Pluft, tinham sempre caráter religoso ou edificante. Com a eclosão da ditadura militar, outro tema que começou a aparecer foi o combate ao comunismo. Por essa época, no internato feminino que funcionava no Colégio Pio XII (o nome tem tudo a ver!), foi montado o libelo anticomunista Espanha em sangue. Eu não estava em cena, mas lembro que essa montagem e, logo depois dela, uma apresentação de Mortos sem sepultura no cineteatro São Luís, despertaram meu interesse pela direção teatral.

Lucíolo ou À procura da verdade (Sílvio d´Athaíde).

Embora Lucíolo tivesse quase nada de caráter político, levantava uma espécie de bandeira de justiça e de liberdade.

Não me recordo exatamente de como era o enredo, mas no programa mimeografado a álcool (que ainda guardo) pode-se ler: Lucíolo, filho de um general romano, inteligente e nobre, desejoso de encontrar a verdade, despreza as vaidades e luxos de seu soberbo pai. Após malograda revolta, encontrando a luz do cristianismo, parte, juntamente com milhares de cristãos para o deserto. É deste lugar solitário, onde se dá o desfecho de um drama comovente e triste, que parte uma nova e grande mensagem de fé aos cristão do nosso tempo. (Felizmente, nossa peça não foi tão convincente assim e a tal mensagem acabou não nos convencendo a virar anacoretas ;))

A peça foi montada por iniciativa minha e de alguns outros membros do grupo (como Eunaldo Verdi), mas o P. Salomão ajudou a dirigi-la. Creio que estreamos no palquinho da área de lazer que tínhamos nos fundos do colégio, mas depois nos mudamos para o presbitério da nossa capela, que em 1969 transformamos num palco de teatro. O primeiro e terceiro atos aconteciam no palácio de Lucíolo, enquanto o segundo ato se passava no deserto. Para a passagem do primeiro para o segundo e o retorno aos jardins do palácio, no terceiro ato, a direção nos propôs um desafio: fazermos toda a mudança de cena em, no máximo, um minuto. Eu gostava muitissimo desses truques, se é que ainda não sou apaixonado por eles. Outro dos truques que já vínhamos utilizando era a tecnologia rudimentar para fazer a luz subir em resistência, utilizando um tubo de água salinizada ao qual conectávamos dois eletrodos.

Do elenco de Lucíolo faziam parte: Antônio Lenzi (Caio Lúcio), eu (como Lucíolo), Eunaldo Verdi (Cecílio) - que talvez tenha sido substituído depois por Francisco Fronza, Osmir Lenzi (Marco Fábio), Moacir Chiarelli (Benjamin), Isauro Rota (Farug), Vilmar Cristofolini (Satúrnio), Nilton Sehnen (um núbio), Orlando Dalpiaz (um anacoreta) e Mário Ropelatto (um soldado). A cenografia era minha e de Antônio Lenzi. A sonoplastia, criada pela direção, era operada por meu irmão Otemar es. A iluminação era do P. Salomão O. Serafim.


Chega de memória por hoje. O sol está voltando, daqui a pouco será eclipse da lua e eu estarei com o pessoal da Udesc e o prof. Fragalli e seu telescópio no pátio da prefeitura municipal.

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