Rabiscos e olhares, na frequencia e na medida do possível, ao meu tempo e ao contexto em que vivo.
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
A Vigorelli não é só agito e pescaria...
Pra quebrar os tons quentes das três anteriores
Um de meus companheiros
domingo, 19 de dezembro de 2010
Bera
domingo, 21 de novembro de 2010
sábado, 23 de outubro de 2010
Porque voto na Dilma 13.
Nada tenho contra a pessoa do Serra e sim contra o projeto de governo que ele representa (PSDB+DEM). Ele seria a continuação da “Era FHC”: dívida externa, empréstimos do FMI, privatizações, salário abaixo de 100 dólares, 30 milhões de excluídos, enorme desemprego etc.
Prefiro a DILMA para continuar a proposta de Lula, que vem governando PARA TODOS, reduzindo o número de excluídos, valorizando nossa produção, despertando o respeito pelo Brasil, dando poder de compra ao salário mínimo (agora a mais de 300 dólares), reduzindo radicalmente o desemprego, criando novas universidades, facilitando o acesso através do Prouni etc.
Não é que o Brasil não tenha de mudar. Tem, sim - e DILMA sabe que mudanças precisam ser feitas e onde precisamos ser mais enérgicos na economia, nas reformas, no controle da dívida pública etc. O que não podemos deixar é que se interrompa agora um processo que vem colocando o Brasil no caminho de um desenvolvimento saudável, que não beneficia apenas o capital (como sempre quer o DEM - agora com Serra), mas TAMBÉM o trabalhador, as pessoas, todos os brasileiros.
Voto em DILMA para apoiar a continuidade de uma gestão que investe em políticas públicas que tiraram o Brasil da miséria e está provando que é possível um país em que o desenvolvimento possa acontecer de modo mais sustentável, mais saudável para todos, inclusive para o ambiente.
Claro, não foi possível nas duas gestões de Lula fazer milagres. Muitos dos erros brasileiros têm 500 anos. Outros vêm dos tempos do Império, das repúblicas titubeantes do século passado. MUITOS E ENORMES erros vêm dos 20 anos da ditadura militar. Há erros mais recentes, dos primeiros governos democraticamente eleitos...
DILMA está preparada para continuar investindo na solução desses erros: além da sua experiência como gestora pública nos governos do PT em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul, responde desde o início do governo Lula por um dos mais importantes ministérios da República.
Então: o Brasil deve crescer PARA TODOS? DILMA 13 no dia 31!!!
domingo, 1 de agosto de 2010
Sou assim...
Meu BGlog, coitado, ficou abandonado desde abril, durantem todo um período em que me reciclava e retomava minha vida de solteiro.
Agora volto, passado o 28o. Festival de Dança de Joinville, para acompanhar nossa 2a. Semana da Diversidade.
Pra relembrar a Semana inaugural de 2009, fica aqui uma foto de apenas uma parcela do grande cortejo de 5.000 pessoas que, apesar da chuva e do jogo do Brasil nas eliminatórias da Copa, acabou se formando na frente do Centreventos e percorreu a Beira-Rio até o Mercado Municipal.
Parada da Diversidade Joinville 2009 (Aqui já havia parado de chover!)domingo, 25 de abril de 2010
terça-feira, 23 de março de 2010
Zoom out
Alma penada
vagando na casa.
Abro as janelas.
Casa penada
vagando no mundo.
Miro pro céu
meu telescópio.
Terra penada
vagando no cosmo.
domingo, 14 de março de 2010
Brasília 5
Está terminando em Brasília a grande plenária da II Conferência Nacional de Cultura, cujo processo de preparação envolveu mais de 3.000 municípios brasileiros e cerca de 210.000 pessoas.
Momentos de emoção vão se costurando com a expectativa de vermos aprovadas pela plenária (em voto secreto) as propostas realmente prioritárias, voltadas para o estabelecimento de políticas públicas no âmbito da cultura, ultrapassando, portanto, o nível dos interesses umbigais.
Algumas delegações, tendo votado, começam a se retirar. Daqui a pouco desceremo em cortejo para o Espaço Funarte, onde acontecerá o congraçamento final, antes do jantar (show com Jorge Mautner, inclusive).
O Ministro Juca Ferreira acaba de chegar ao Brasil XXI para acompanhar os últimos momentos desta II CNC.
Começamos a sentir saudades...
sábado, 13 de março de 2010
Iara Rennó e o carimbó
Vivi ontem uma experiência memorável: depois dos trabalhos da II Conferência e de um bom banho no Plaza Bittar, onde me hospedo, fui ao Espaço Funarte prestigiar os shows da noite.
Além da rápida visita a alguns estandes dos estados (inclusive o da Bahia, onde vi uma das coreografia do Balé do Senegal transmitida pela TVE), assisti a dois espetáculos interessantíssimos.
Iara Rennó: Oriki
A performance da cantora, compositora, instrumentista, arranjadora e produtora paulistana Iara Spíndola Rennó no Palco Brasília do Espaço Funarte foi gostosíssima, suas canções, passeando entre a MPB, o blues, o rock e o jazz etc. Tive a impressão poderosa de estar ouvindo uma música nova, de inspiração contemporânea e de grande sensibilidade. Acabei com uma vontade bem grande de levá-la pra casa num CD ou de ouvi-la numa sala de melhor qualidade acústica.
Quando Iara deixou o palco, parecia que tudo ia se acabar na noite e pronto. De repente, porém, começou a agitar-se um povo na platéia, que logo subiu ao palco e foi anunciado como três grupos originários do Pará. Depois de três belas toadas de abertura, o grupo enveredou por uma série de peças frenéticas tão cheias de alegria, que acabei totalmente contagiado. E, enquanto ria e dançava, também chorava de prazer, por incrível que isto possa parecer. Fazia tempo que um evento artístico não me pegava tão de surpresa e fazia muito tempo que eu não dançava com tão profundo prazer. Obrigado, gente linda do Pará!
Brasília 4
Estamos desde o início da manhã discutindo, burilando e votando as propostas do Eixo 4 (Cultura e economia criativa). Trabalhamos agora no sub-eixo Sustentabilidade das Cadeias Produtivas e as vozes discordantes são muitas, principalmente da parte de pessoas que não pensam no que dizem, não examinam o contexto da proposta etc. Muitos querem exibir-se num volátil momento de fama perante as quase 200 pessoas que estão aqui (no meio da manhã eram muitas mais).
Dito deste modo, parece que estou menosprezando este momento da Conferência e da história da gestão cultural no Brasil. Mas, não é assim. O que acontece é precisamente a expressão de um momento - um ponto de passagem - em que estamos todos aprendendo a ampliar e usar o espaço democrático da construção coletiva do futuro. Embora o que aqui está em jogo não seja, ainda, a realidade, tratamos da potencialidade da vida cultural brasileira e, portanto, de uma trama gigantesca de interesses mais ou menos democráticos, mais ou menos coletivistas, mais ou menos solidários etc.
Estamos aprendendo a desenvolver a paciência histórica e, simultaneamente, o traquejo político necessário para atuar democraticamente dentro do jogo de interesses de uma plenária que está tomando decisões que vão interferir na vida artística e cultural do País.
De minha parte, sinto-me hoje um aprendiz bem iniciante.
Brasília 3
Os debates que venho presenciando nas conferências de cultura de Brasília (Pré-conferência setorial de teatro e II Conferência Nacional de Cultura) mostram como são difíceis os processos democráticos, mas também como é importante desenvolvermos a paciência histórica necessária para o domínio de suas metodologias - não apenas por nós mesmos, mas também pelas coletividades. A respeito das conferências compartilhei com os colegas delegados da setorial nacional de teatro algumas observações que compartilho aqui.
1. A Conferência Nacional de Cultura compreende uma série de articulações e mobilizações que começaram - pelo menos em Joinville, assim como em muitos outros lugares - nas pré-conferências municipais, preparadas com todo o carinho (como foi o caso de Joinville, apesar da gripe A no segundo semestre de 2009) e que mobilizaram 11 setores (foram perto de 500 participantes nessas pré-conferências setoriais municipais), qualificando os debates na nossa II Conferência Municipal.
2. As propostas tiradas nas pré-conferências municipais (essencialmente setoriais, lembro) foram examinadas, sistematizadas e aperfeiçoadas na II Conferência Municipal de Cultura de Joinville, que selecionou aquelas consideradas estratégicas num âmbito mais amplo para serem enviadas às conferências estadual e nacional.
3. Também foram realizadas no país as assembléias setoriais, nas quais as principais propostas do município voltadas para cada setor puderam ser examinadas, aprofundadas e ampliadas. Em Santa Catarina, a maior parte das pessoas que participaram da Assembléia Setorial de Teatro tinham participado também das conferências municipais e da estadual.
4. O trabalho que a equipe de sistematização realizou apresenta grande qualidade: sinto que ali estão contempladas preocupações das conferências de Joinville e de Santa Catarina. (Deve ter sido um grande desafio, pois eu próprio passei por experiência semelhante na sistematização de centenas de propostas da II CMC de Joinville).
5. O que precisamos agora é avançar um pouquinho mais, arredondando as propostas, fundindo-as, ampliando sua abrangência etc. etc., para chegarmos a um documento a ser sistematizado ainda, que sirva para nortear, sulear, nordestar, centroestar, sudestar etc. as ações do Ministério da Cultura em toda a sua extensão e para oferecermos ao Conselho Nacional de Políticas Culturais com seus Colegiados Setoriais, me parece, subsídios consistentes para a formulação de uma política cultural para o país, além, é claro, de políticas/planos setoriais consistentes para todos os setores, que contemplem as reivindicações lá das bases, que são os munícipes, isto é, os brasileiros em geral, e que em aproximadamente 3.000 municípios (é isto?) apresentaram suas propostas nas diversas instâncias da Conferência.
Enfim, o que quero é reforçar o que tenho ouvido de vozes bem sensatas, do próprio ministério e de delegados aqui presentes: a base de toda a CNC deve permanecer a conferência municipal, a cujas reivindicações e decisões devem ACRESCENTAR-SE, APERFEIÇOANDO-AS, as propostas avançadas e estratégicas geradas nos debates das outras conferências, inclusive nas setoriais. Não podemos perder a riqueza que foi gerada nas conferências municipais e estaduais, das quais todos nós fomos convidados a participar e não podemos perder de vista que as proposições que fazemos devem ter CARÁTER NACIONAL, ainda que contemplando aspectos regionais e setoriais.
quinta-feira, 11 de março de 2010
Propostas do Teatro
Pré-conferência Setorial de Teatro
EIXOS TEMÁTICOS
Eixo I - Produção Simbólica e Diversidade Cultural
PROPOSTA
Garantir junto ao Ministério da Educação a criação,
a implementação, a ampliação e o fortalecimento de cursos de formação na área das Artes Cênicas, obedecendo-se às seguintes diretrizes:
Acesso à formação em seus diferentes níveis, como educação básica, profissionalizante e continuada;
Abrangência das várias instâncias de educação e cultura: educação fundamental, superior, à distância, nos pontos de cultura, entre outros equipamentos que possam ser criados para este fim;
Reconhecimento e qualificação dos profissionais de notório saber;
Reconhecimento das tecnologias da arte em toda sua abrangência, através de apoio à inovação e à pesquisa científica no campo artístico cultural;
Utilização das técnicas e ações já realizadas pelo Ministério da Cultura;
Observância das especificidades de cada região e seus contextos.
PROPOSTA
Criação de Programas federais, estaduais e municipais de transformação e utilização de espaços públicos em Equipamentos Culturais, requalificando, inclusive, áreas urbanas, através de ferramentas que garantam a permanência e continuidade destes Equipamentos.
Quanto aos espaços públicos
abertos, debater e criar, conjuntamente em comissões paritárias com a sociedade civil, marcos legais nacionais para plena utilização destes espaços, como equipamentos culturais, levando em conta as especificidades dos diversos segmentos das artes cênicas, adequando-os para apresentações artísticas.
Quanto aos prédios passíveis de serem considerados de utilidade pública que estejam ociosos, construir, adequar, equipar para atividades teatrais como: espaço para ensaios, atividades formativas, para sede de grupos que desenvolvam ações continuadas, para apresentações e atividades afins.
Eixo III – Cultura e Desenvolvimento Sustentável
PROPOSTA
Garantir a criação de programas e políticas públicas permanentes de intercâmbio, fomento e circulação da produção teatral através de mecanismos de incentivo, como:
Realização de Editais de Teatro para as macro-regiões do país, com critérios que valorizem aspectos identitários e territoriais de cada localidade, respeitando também a fase de experimentação de cada artista ou núcleo artístico;
Criação e implementação do Programa Teatro Mais Cultura para a disponibilização de kit básico de equipamentos (iluminação, som, vestimentas cênicas, dentre outros) a ser utilizado em apresentações teatrais, priorizando grupos inseridos em pequenas comunidades e pequenas cidades.
PROPOSTA:
Apresentar
as seguintes emendas ao projeto de lei nº 6722/2010 PROCULTURA:
A)
Inclusão de item que acrescente aos mecanismos de implementação do Procultura, os PROGRAMAS SETORIAIS DE ARTES, CRIADOS POR LEIS ESPECÍFICAS, COM ORÇAMENTOS E REGRAS PRÓPRIAS (Artigo 2º - ACRESCENTAR Item V);
Inclusão de parágrafo que garanta a não aplicação dos critérios relativos à dimensão econômica na avaliação dos projetos culturais cujas atividades ou formas de produção não podem ser auto-sustentáveis devido à sua própria natureza ou objetivos (Artigo 8º);
Inclusão de parágrafo único que exclua a necessidade de prestação de contas nos moldes da Lei de ConTRATOS e Licitações para a categoria de prêmios concedidos através das seleções públicas (Artigo 36);
Garantia de montante de recursos destinados ao Fundo Nacional de Cultura NUNCA INFERIOR ao montante disponibilizado para a renúncia fiscal QUE TRATA O CAPITULO IV DESTA LEI (Artigo 60).
Retificação do artigo que institui o Prêmio de Teatro Brasileiro, no sentido de garanti-lo como programa setorial para o teatro, regulamentado por lei específica e dotação orçamentária própria (Artigo 66), para fomentar: I – Núcleos artísticos teatrais com trabalho
continuado;
II – Produção de espetáculos teatrais; e
III – Circulação de espetáculos ou atividades teatrais.
PROPOSTA
Que o SNIIC – Sistema Nacional de Informação e Indicadores Culturais faça, em caráter de urgência, o mapeamento do teatro brasileiro, em toda a sua diversidade cultural e em todos os elos da sua cadeia produtiva, criando uma plataforma virtual para registro e divulgação da história da produção teatral nacional.
Este mapeamento deve contar com apoio do IBGE, SEBRAE, e de entidades estaduais e municipais de economia e estatística, devendo subsidiar as ações do Minc – preferencialmente através do pacto federativo – na aplicação dos recursos de financiamento ao teatro, considerando as realidades identitárias regionais.
terça-feira, 9 de março de 2010
Brasília 2
O segundo dia das pré-conferências setorias de cultura foi uma verdadeira maratona. Além das articulações para a escolha dos delegados para a II Conferência Nacional e da recomposição do Colegiado de Teatro do Conselho Nacional de Políticas Culturais, foram realizados os debates das propostas dos eixos (que o pessoal da organização soube articular com grande qualidade a partir das conferências municipais e estaduais), no meu grupo (Eixo 4, Cultura e Sustentabilidade) discutimos também o Procultura e levantamos algumas idéias para a regulamentação do Fundo Setorial de Teatro.
Escolhido como um dos dois delegados do Sul do Brasil para a II CNC, devo permanecer em Brasília até domingo.
Teremos agora a plenária final.
domingo, 7 de março de 2010
Brasília 1
Pré-conferência nacional setorial de teatro
Começou hoje, em Brasília, a Pré-conferência nacional setorial de teatro, preparatória para a II Conferência Nacional de Cultura, que inicia na próxima quarta-feira.
A abertura aconteceu no auditório do Museu Nacional, com a presença de uns 1.000 delegados de todos os estados brasileiros.>
Na oportunidade, uma fala didaticamente indignada e corajosa do Ministro Juca Ferreira acabou mostrando por que o processo da II CNC tem dado certo, despertando o interesse e a participação de cerca de 206.000 brasileiros - entre artistas, agentes, empresários, militantes, estudiosos e funcionários da cultura e das artes em todo o Brasil.>
A principal razão da irritação do Ministro, expressa também na fala do Secretário Executivo do MinC, Alfredo Manevy, é a acusação de autoritarismo que uma parte da imprensa irresponsável e de certo empresariado neoliberal vêm fazendo ao Ministério. Os calorosos aplausos que Juca Ferreira recebeu durante toda a sua fala mostram a concordância da grande maioria dos delegados de todo o País presentes no evento.>
Amanhã tem mais.>
sábado, 6 de março de 2010
quinta-feira, 4 de março de 2010
04/03/2010
Não sei o que pensar
diante de mim
Ao espelho,
às vezes me gosto,
às vezes me detesto.
Outras, não me encontro.
Cara a cara comigo,
não sei o que sentir.
segunda-feira, 1 de março de 2010
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
Animal ferido
Bicho doente,
acossado num canto
pela dor.
Mira pelas frinchas
o rio, a montanha,
a chuvarada copiosa
que lava o mundo.
Respira com cuidado
pra não reabrir
a ferida.
Contempla, apenas,
enquanto o tempo passa
devagar,
silenciosamente.
Carta de Charles Narloch a Gert Fischer (*)
Caro Gert,
Leio seus artigos há muito tempo, desde que cheguei nesta cidade, e respeito-o muito por sua dedicação e paixão à preservação ambiental, dentre outras ações importantes que você se dedica com afinco. Não tenho o privilégio que você tem de poder apresentar-me como “cidadão nascido e morador” desta terra e, mesmo que fosse, talvez não considerasse este fato relevante, diante do aspecto pluralista que - ouso afirmar - qualquer cidade democrática deveria considerar para pensar seu desenvolvimento e registrar sua história, feita por cidadãos natos e migrantes, sem qualquer hierarquia de importância.
Concordo em alguns aspectos com seu artigo sobre o tombamento de casas antigas, principalmente no tocante aos proprietários que têm nas mesmas sua moradia e, muitas vezes, único bem da família. Lamento por você não estar acompanhando mais de perto o trabalho que vem sendo realizado pela Fundação Cultural, no sentido de corrigir injustiças.
Uma das prioridades do governo Carlito Merss foi ouvir a sociedade quanto à política de preservação do patrimônio cultural. Durante todo o ano de 2009, dois projetos de lei foram cuidadosamente avaliados e revisados por mais de quinze instituições diferentes, reunidas numa comissão especialmente nomeada para este fim. Nas próximas semanas, tais projetos de lei serão reenviados à Câmara de Vereadores, após receberem o devido aval do Conselho da Cidade. Os projetos já haviam sido encaminhados à Câmara em 2007, na gestão do então vice-prefeito Rodrigo Bornholdt, mas foram retirados pela Prefeitura Municipal em 2008.
Entretanto, manifesto aqui minha tristeza e estranhamento diante das opiniões expressas em seu artigo, principalmente reconhecendo sua atuação incontestável como forte defensor e militante da preservação ambiental e como companheiro do partido que faço parte, o PDT. Considero suas afirmações - sobre o processo de inclusão de bens a serem protegidos - um tanto preconceituosas e desrespeitosas com inúmeras pessoas que, como você, têm importantes trabalhos realizados por e nesta cidade.
Talvez você não saiba, mas essa “rapaziada” ou “essa juventude que gosta de um baseado” (termos que você adotou em seu texto para referir-se aos membros da Comissão Municipal de Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Natural) são profissionais respeitados, das mais diversas áreas, representantes do poder público e da sociedade civil, alguns deles com a experiência e vivência da idade que, imagino, você considera ideal.
O curioso e paradoxal, pelo menos para este que lhe escreve, é que muitas vezes ouvi e continuo ouvindo, como referência a você e seu indiscutível trabalho pela preservação ambiental, exatamente as mesmas críticas que você faz, com os mesmos termos que você usa em seu artigo. Da mesma forma, sempre defendi sua atuação e discordei com os que assim se referem a sua pessoa e sua atuação. Talvez você tenha esquecido que algumas pessoas ainda consideram as leis de preservação ambiental - que tanto você quanto nós defendemos - como “arcaicas, injustas, insensíveis e babacas”, apenas para relembrar os termos que você usa em seu texto para se referir às leis de tombamento.
Imagino também que talvez você não saiba que os imóveis mais polêmicos quanto a sua necessidade de preservação - não apenas em Joinville, mas em todo o Brasil - não têm sido aqueles de propriedade de pessoas idosas que neles residem. A fúria contrária à preservação do patrimônio cultural vem geralmente do mercado imobiliário, do mercado da construção civil e, na maioria das vezes, de investidores que não dependem diretamente daqueles imóveis para sua sobrevivência. Os mesmos, portanto, que mais se irritam com as políticas de preservação ambiental.
Sobre a Rua das Palmeiras, que segundo você “impede a circulação de pessoas normais”, salientamos que há um projeto elaborado pelo IPPUJ, com o apoio da Fundação Cultural, que prevê a reabertura da mesma em toda sua extensão (como era na originalidade), bem como a requalificação da área, com recursos do Governo Federal. E quanto às casas preservadas que hoje estão abandonadas naquele local - inclusive as que sofreram com os incêndios recentes - é prudente esclarecer que as mesmas não são utilizadas como moradias de seus proprietários, de longa data.
Como diretor executivo da Fundação Cultural de Joinville, convido você e qualquer outro interessado a nos fazer uma visita para conhecer os projetos de lei que oferecerão uma série de benefícios aos proprietários de bens tombados (deduções e isenções de impostos e taxas, transferência do direito de construir, fundo municipal e mecenato). Nosso presidente, Silvestre Ferreira, e nossa gerente de patrimônio cultural, Elizabete Tamanini, certamente terão muito prazer em atendê-los.
Grande abraço,
Charles Narloch
_______________________
(*) Em resposta ao texto de Gert Fischer, Casas tombadas - um horror para os proprietários
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
18/02/2010
Do que perdemos
Borges de Garuva
É verdade, sim:
damos subitamente mais valor ao que perdemos.
Foi assim com minha amiga,
de quem ouvia com certa impaciência,
nas noites de bebedeira interminável,
as lamentações existenciais.
Quanta saudade senti, por longo tempo,
das suas ladainhas madrugueiras,
depois que ela se escondeu
sob aquele monturo de flores
ao pôr-do-sol.
Foi assim com meu irmão,
quando sumiu no túmulo
com suas fantasias e sonhos,
com seu jeito quase fitzcarraldiano de ser...
Foi assim com minha mãe,
depois que a encontrei
transformada em pequena múmia
no vácuo de uma emfermaria de hospital.
Quanta saudade senti da sua impaciência,
das suas reclamações,
da sua tonelada de doenças
e outros males
que a afligiam
como se a ninguém mais.
Depois que perdi,
senti falta daquela
que se ocultava por trás dos reclames,
a minha velha.
É assim contigo,
agora que partiste
para desenhar tua pele
nãos mãos de outro.
É assim comigo,
que,
te perdendo,
me perdi.
E sinto saudade
de mim.
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
Why does it seem that you never let go
Why don´t you realize when I say no
I want you to leave and I want you to know
I like to be lonely alone with my soul
So please get the message and get up and go
Just go go go through the door
Leave leave leave me alone
(Tatiana Kressmann [Eric´s blues])
sábado, 13 de fevereiro de 2010
Ah!
Esquecer o amor
Deixar que flua
Este dia tem o som de um dia sem contornos. As paredes estão ali, mas só me retêm porque quero: quero estar aqui, preso, deliciando-me com a luz que se pintou no acaso das nuvens. Entre quatro paredes, banhado na luz. Deixar que flua, não reter, não pedir, não querer...
Ah!, esquecer o amor,
brincar de novo com os contornos dos dias,
beber as horas nos seus minutos presentes
e eternos
sobretudo
sobre tudo mesmo sobre mim
deixar que vontades e desejos
tesões carinhos beijos vivos luminosos
sejam apenas
pássaros de arribação pousando
numa das pequenas florestas
do meu coração.
Esquecer o amor.
Deixar que a vida flua
um pouquinho
sem mim.
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
Relatos de São Leopoldo 2
O segundo dia do Fórum Social 2010 em São Leopoldo abriu com uma interessante e bem-humorada exposição de Carlos Baráibar, veterano senador do Uruguai, que falou da Frente Ampla - uma articulação exemplar de TODOS os partidos da esquerda (mais do que uma coalizão, trata-se de um movimento político de esquerda), que, segundo ele, funciona com o mesmo Código de Compromisso de Conduta Política desde que foi criada, em 1971. Desde então, o Código nunca foi contestado nem modificado e somente um único partido, em todos estes anos, acabou deixando a Frente, porque bandeou para a direita.
Na mesma mesa, estava a dramaturga uruguaia e atual assessora da Diretoria de Cultura de Montevidéu. Em sua fala, lembrou que a unidade da esquerda não é questão tática, mas estratégica e sugeriu que, para neutralizar a ação da imprensa comprometida com interesses conservadores, no Uruguai as redes eletrônicas foram fundamentais nas últimas eleições e estão provocando uma revisão geral na prática de militância dos 700 comitês de base da Frente Ampla.
A segunda mesa tratou do tema Os governos locais e a Convenção da Diversidade. Houve consenso entre os participantes de que a Convenção produziu frutos interessantíssimos em todos os países, especialmente no Brasil, onde um Ministério da Cultura cada vez mais fortalecido nos últimos anos, tem conseguido implementar uma política voltada para o reconhecimento e o estímulo à diversidade cultural que caracteriza o país.
Também no Peru, segundo Luis Repetto, ex-ministro da cultura daquele país, as políticas públicas contemplando a diversidade tem produzido bons efeitos. Lembrou a importância que teve e tem a Carta Iberoamericana de Cultura.
(Continua.)
Dôo em dobro
Borges de Garuva
Quando de amor,
dôo em dobro.
Por ti, mais que amor,
dôo em triplo
(mais que amor, te digo,//P>
que já éramos, por pouco,
cúmplices na vida.)
Sei que ressuscito quando dôo:
tristeza é melhor do que vazio.
As lágrimas
vêm e lavam
nossos olhos.
Só assim, limpo de mágua,
pode estender-se meu olhar
para depois de amanhã...
Minha lua de Vesak
Borges de Garuva
Miro o escuro.
Atiro um pensamento.
(Algures alguém alcançará?)
Na noite nova de chuva,
o vinho rural a sós
e uma viola que ponteia...
O escuro me devolve nada.
Não tenho Buda.
Não gosto dos natais.
A ressurreição há de ser amanhã
(a de sempre).
Cada dia
sou a seta-pensamento
que atiro no escuro
quando a noite chega.
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
Relatos de São Leopoldo 1
Abriu ontem, no Teatro Municipal de São Leopoldo, a Segunda Reunião Mundial de Cultura, com o objetivo de promover uma avaliação da Agenda 21 da Cultura.
A Agenda acaba de completar 5 anos e tem, nas avaliações até agora realizadas, interferido positivamente no desenvolvimento local, articulando uma rede mundial de cidades cuja extensão pode ser vista em http://www.cities-localgovernments.org/ e que dialoga com a Convenção da Diversidade da Unesco.
Falando ontem à tarde, Victor Ortiz, um dos membros do comitê redator da Agenda 21 da Cultura, considera a Agenda o "protocolo de Kioto da cultura" e sugeriu a leitura Guía para la evaluación de las políticas culturales locales para quem queira aprofundar-se na questão.
No mesma mesa, Raquel Diana, falou pela Interlocal - Rede Iberoamericana de Ciudades para la Cultura. Em sua fala, considera que o capitalismo neoliberal está dando lugar a um capitalismo cultural, uma vez que a maior parte dos elementos em que se apoia o mercado tem caráter cultural. O capitalismo inventa nossos sonhos, diz Diana, lembrando que o Chile, um dos países que mais se desenvolveu nos últimos anos e também um dos países cuja população vive mais insatisfeita. Raquel Diana fez referência à Carta Iberoamericana de Cultura, produzida no no II Congresso de Cultura Iberoamericana.
Depois da palestra de David Harvey ocorreu a estréia latinoamericana do webdoc Ctrl-V::video control (Diver Cult), que marcou também o lançamento da RAIA (Rede Audiovisual Iberoamericana").
sábado, 23 de janeiro de 2010
De Adorno & Horkheimer:
Uma das lições que a era hitlerista nos ensinou é a de como é estúpido ser inteligente. Quantos não foram os argumentos bem fundamentados com que os judeus negaram as chances de Hitler chegar ao poder, quando sua ascensão já estava clara como o dia! Tenho na lembrança uma conversa com um economista em que ele provava, com base nos interesses dos cervejeiros bávaros, a impossibilidade da uniformização da Alemanha. Depois, os inteligentes disseram que o fascismo era impossível no Ocidente. Os inteligentes sempre facilitaram as coisas para os bárbaros, porque são tão estúpidos. São os juízos bem informados e perspicazes, os prognósticos baseados na estatística e na experiência, as declarações começando com as palavras: "Afinal de contas, disso eu entendo", são os statements conclusivos e sólidos que são falsos.
_________________
(Dialética do esclarecimento, p. 195)
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
NECESSÁRIO LER:
Os pecados do Haiti, de Eduardo Galeano. Urgente!!!
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
O pior preconceito é aquele que vem dos próprios gays enrustidos. São eles que mais ferrenhamente atacam — pela imprensa, dos púlpitos, nas cátedras — o homossexual assumido.
sábado, 16 de janeiro de 2010
Teologia cínica.
Tenho observado que as catástrofes são combustível poderoso não apenas para a imprensa sensacionalista (quase toda ela), mas também para o exercício dos "teólogos" de plantão, que as usam para justificar a sua insensata fé e metê-la goela abaixo na cabeça dos outros.
Não ingênua, mas imbecilmente, tentam enfiar na cabeça do seu vingativo deus a carapuça da bondade, embora leiam os horrores dos tsunamis, das inundações, dos vendavais e dos terremotos como obras da vontade divina. Preguiçosos, não se dão ao trabalho do silêncio, única atitude que cabe nestes momentos, quando nem mesmo a ciência consegue erguer com segurança a voz, apesar de sua fantástica memória e de sua sistemática coletivamente construída ao longo dos séculos.
Vazios de percepção e de sentido, esses "pensadores" praticam descaradamente, com o apoio da imprensa, uma nauseante teologia do cinismo! Cruzes!
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
sábado, 9 de janeiro de 2010
Achadinhos.
Fui um usuário regular dos coletivos urbanos. Grande parte dos livros que li na juventude foi nos pontos de ônibus e filas de espera. (Será que é para estimular a leitura que as empresas deixam os passageiros esperando tanto tempo nos pontos, ainda hoje?)
Tinha vez que eu botava os passes e o dinheirinho entre as folhas dos livros. Daí que, agora, quando os releio, vou achando anúncios, notas fiscais, vestígios da época e também uma ou outra cédula perdida e passes esquecidos. Como estes.
Interessante reparar o carimbo: "Válido até 15 dias após próximo reajuste". É que, à época, a inflação andava a mil!